terça-feira, 13 de agosto de 2013

Brasil do Banco



Brasil, agosto de 2013 – instituição bancária com maior lucro na história; reclamação de consumidores contra bancos cresce quase 170% em um ano; abismo nas relações entre bancos e cidadãos; instituições bancarias condenadas por dumping social – estas são algumas manchetes e notícias que circulam na mídia nacional neste mês do cachorro louco e que intrigaria qualquer observador que tenha presenciado as manifestações do movimento nacional, que dentre outras nomenclaturas, recebeu a alcunha de #OGIGANTEACORDOU, escrito desta forma, com jogo da velha, hashtag, símbolo indissociável dos levantes contemporâneos.

Ora, as notícias elencadas anteriormente são capazes de atormentar dos mais incautos àqueles que se acautelam dos poderes corporativos. Também pudera, como explicar que o Banco do Brasil, instituição estatal, obteve o maior lucro já registrado entre os bancos brasileiros, em meio às reclamações crescentes dos consumidores de seus serviços, condenações por dumping social e adotando formas de negócio que contribui para o aumenta do abismo da diferença social? Pior, como consegue ter tantos lucros, com tantas questões paradoxais, numa nação que resolveu ir às ruas para reivindicar o respeito aos seus direitos e garantias constitucionais?!

Para respondermos estas questões, primeiramente é necessário fazer uma análise dos fatores envolvidos, senão vejamos.

I)          O Banco do Brasil obteve lucro pouco maior que 10 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano, desbancando o Itaú, banco privado que encabeçava a lista das instituições bancarias mais lucrativas;
II)        Enquanto obtinha lucro o banco estatal, 68% das ações são do Estado, teve um aumento das reclamações dos consumidores, aproximadamente 170% maior que a verificada no ano anterior.
III)      O Banco ainda vêm sendo condenado, reiteradamente, por práticas de dumping social, especialmente na Justiça do Trabalho. Esta prática consiste em esvaziar os direitos sociais de determinado segmento, ou seja, desrespeitar direitos sociais dos trabalhadores, dos consumidores etc., sempre visando a obtenção de uma maior taxa de lucros no futuro;
IV)       #OGIGANTEACORDOU foi uma expressão cunhada para designar o levante da sociedade brasileira, em um movimento com número de participantes nunca antes registrado na história mundial, contra, basicamente, o desrespeito aos direitos já garantidos na Constituição do Brasil.
Pois bem, a análise das questões anteriores nos leva a resposta de que os fatores reais do poder de nosso Estado só podem estar invertidas. Note, todos Estados são comandados por fatores reais do poder, expressão desenvolvida por Ferdinand Lassale, que designa estas forças ativas e eficazes que moldam a Constituição a sua maneira.

Desta forma, vemos o Brasil e seu Banco se afastarem dos desejos explícitos dos cidadãos, inclusive lhes prejudicando. A instituição bancária brasileira sempre com intuito de alcançar lucros ainda maiores, sob o manto protetor do Estado, corrompido por alguns eleitos, aumenta a desigualdade social. Um exemplo desta desigualdade, um consumidor investindo R$ 100,00, depositando no banco, em 19 anos, hoje receberia R$ 2.000,00, já um banco que investisse o mesmo valor, em período igual, receberia R$ 7.000.000,00!

Causa espanto as informações postas, uma vez que o Banco do Brasil e o Estado deveriam ser dos cidadãos e portanto cuidar de seus interesses. Todavia, ocorre que a instituição bancaria é comandada por uma elite, assim em todo o mundo, que com seu poder econômico avança sobre os interesses legítimos do Estado, qual seja: proteger sua nação e incentivar seu desenvolvimento sustentável.

A matéria é complexa e é de se esperar que um gigante recém acordado, ainda sonolento, de início, dê pouca importância à questão. Mas, tanto desrespeito e 10 bilhões de lucro, em 6 meses, não passarão desapercebido por muito tempo.

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